Uuuiiiiiii!!!!!! Esse conto é para sentir calafrios...
PELO FIGO DA
FIGUEIRA
Era
uma vez uma menina. Ela era muito bonita e tinha cabelos longos macios que a
mãe gostava de pentear. Todos os dias, enquanto a penteava, a mãe elogiava a
menina. Um dia a menina ficou só. A mãe tão querida que ela tinha morreu. Para
falar a verdade, a menina passou a viver com o pai, e tempos depois ele se
casou com uma mulher muito estranha.
A
madrasta era estranha porque nada nela combinava. Era brava quando estava
calma, era muito doce quando estava prestes a fazer as maiores maldades. Para
piorar, tudo que a menina fazia irritava a madrasta, principalmente o cabelo. A
madrasta odiava pentear a menina, assim como tinha aflição de ouvir sua voz, e
arrepio ao ver amenina perto do pai.
Desde
que chegou na casa, a madrasta tratava de deixar a menina ocupada com tarefas
dificílimas e demoradas. A menina, sem saída, amarrava seus cabelos formando um
grande coque no topo da cabeça e obedecia às ordens. Os cabelos da menina nunca
mais haviam sido penteados. Estavam embaraçados, formando nós enormes e
difíceis de soltar.
Certo
dia, o pai da menina tocou sua cabeça e, sentindo o amarfanhado, ficou
bravíssimo. Obrigou a madrasta a desfazer cada um dos nós. A mulher se
enfureceu! Ferveu de ira e serviu um bolo para a menina e seu pai com muita
doçura e educação. Na mesma noite, ela teve a ideia de mandar matar a menina.
No dia seguinte, o pai contou que faria uma viagem longa.
A
madrasta se despediu do marido dizendo que não se preocupasse, que cuidaria bem
de tudo até sua volta. Nem bem o pai saiu, ela chamou a menina e disse que
cuidasse da figueira que estava carregada de figos. Que se ela deixasse algum
passarinho bicar um figo, ela morreria. A menina se desesperou, pegou uma vara
para alcançar os galhos mais altos da figueira e com ela espantar os pássaros.
Ao anoitecer, a madrasta foi verificar os frutos. Encontrou um deles bicado e
matou a menina.
Quando
o pai voltou, foi uma tristeza só. A madrasta disse que a menina adoecera de
repente e morrera em poucos dias de terrível doença. Seu pai, que não cabia em
si de tanta tristeza, exigiu que ela fosse enterrada no quintal, perto da
figueira que havia sido plantada por sua mãe. E assim foi feito.
Desde
que soubera que a figueira havia sido plantada pela mãe da menina, a madrasta
nunca mais fez uma poda no mato que crescia ao redor. Talvez por ciúmes da mãe
da menina ou por medo da enteada falecida.
E
o jardim virou mato, repleto de plantas crescendo desordenadas. Até o dia em
que o pai da menina, com saudades da filha, foi ao pé da figueira chorar e
encontrou ali uma planta pequena e estranha. Decidiu cortar a planta e queimar,
além de cortar parte dos galhos, livrar a figueira de sombra que escondia suas
folhas.
O
jardineiro veio um dia apenas, para nunca mais. Ao preparar o facão para o primeiro
corte, ouviu: “Ô, jardineiro de meu pai, não corte meus cabelos. A madrasta me
enterrou. Pelo figo da figueira que o passarinho bicou”. Espantado, chamou o
pai, que imediatamente desenterrou a menina. Não sei dizer se ela estava viva
ou se viveu outra vez ao encontrar o pai. A madrasta, ao perceber que suas
mentiras foram descobertas, morreu na hora, não sei se de susto ou de desgosto.
O pai e a menina viveram juntos, com saudades, mas com muita alegria pela pequenina
família que tinham se tornado.
(conto popular copiado
das fichas do kit do projeto “Bu! Histórias de Medo e Coragem” – 2013)
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