segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Conto "Pelo figo da figueira" - Bú! Histórias de medo e coragem


Uuuiiiiiii!!!!!! Esse conto é para sentir calafrios...



PELO FIGO DA FIGUEIRA

Era uma vez uma menina. Ela era muito bonita e tinha cabelos longos macios que a mãe gostava de pentear. Todos os dias, enquanto a penteava, a mãe elogiava a menina. Um dia a menina ficou só. A mãe tão querida que ela tinha morreu. Para falar a verdade, a menina passou a viver com o pai, e tempos depois ele se casou com uma mulher muito estranha.
A madrasta era estranha porque nada nela combinava. Era brava quando estava calma, era muito doce quando estava prestes a fazer as maiores maldades. Para piorar, tudo que a menina fazia irritava a madrasta, principalmente o cabelo. A madrasta odiava pentear a menina, assim como tinha aflição de ouvir sua voz, e arrepio ao ver amenina perto do pai.
Desde que chegou na casa, a madrasta tratava de deixar a menina ocupada com tarefas dificílimas e demoradas. A menina, sem saída, amarrava seus cabelos formando um grande coque no topo da cabeça e obedecia às ordens. Os cabelos da menina nunca mais haviam sido penteados. Estavam embaraçados, formando nós enormes e difíceis de soltar.
Certo dia, o pai da menina tocou sua cabeça e, sentindo o amarfanhado, ficou bravíssimo. Obrigou a madrasta a desfazer cada um dos nós. A mulher se enfureceu! Ferveu de ira e serviu um bolo para a menina e seu pai com muita doçura e educação. Na mesma noite, ela teve a ideia de mandar matar a menina. No dia seguinte, o pai contou que faria uma viagem longa.
A madrasta se despediu do marido dizendo que não se preocupasse, que cuidaria bem de tudo até sua volta. Nem bem o pai saiu, ela chamou a menina e disse que cuidasse da figueira que estava carregada de figos. Que se ela deixasse algum passarinho bicar um figo, ela morreria. A menina se desesperou, pegou uma vara para alcançar os galhos mais altos da figueira e com ela espantar os pássaros. Ao anoitecer, a madrasta foi verificar os frutos. Encontrou um deles bicado e matou a menina.
Quando o pai voltou, foi uma tristeza só. A madrasta disse que a menina adoecera de repente e morrera em poucos dias de terrível doença. Seu pai, que não cabia em si de tanta tristeza, exigiu que ela fosse enterrada no quintal, perto da figueira que havia sido plantada por sua mãe. E assim foi feito.
Desde que soubera que a figueira havia sido plantada pela mãe da menina, a madrasta nunca mais fez uma poda no mato que crescia ao redor. Talvez por ciúmes da mãe da menina ou por medo da enteada falecida.
E o jardim virou mato, repleto de plantas crescendo desordenadas. Até o dia em que o pai da menina, com saudades da filha, foi ao pé da figueira chorar e encontrou ali uma planta pequena e estranha. Decidiu cortar a planta e queimar, além de cortar parte dos galhos, livrar a figueira de sombra que escondia suas folhas.
O jardineiro veio um dia apenas, para nunca mais. Ao preparar o facão para o primeiro corte, ouviu: “Ô, jardineiro de meu pai, não corte meus cabelos. A madrasta me enterrou. Pelo figo da figueira que o passarinho bicou”. Espantado, chamou o pai, que imediatamente desenterrou a menina. Não sei dizer se ela estava viva ou se viveu outra vez ao encontrar o pai. A madrasta, ao perceber que suas mentiras foram descobertas, morreu na hora, não sei se de susto ou de desgosto. O pai e a menina viveram juntos, com saudades, mas com muita alegria pela pequenina família que tinham se tornado.


(conto popular copiado das fichas do kit do projeto “Bu! Histórias de Medo e Coragem” – 2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário