Ai que medo!
CABELINHO CABELÃO
Em
um reino viviam três príncipes. O rei, que amava plantas, havia plantado uma
árvore em comemoração ao nascimento de cada um dos filhos. Certo dia, o mais
velho desejou conhecer o amor. O pai fez um baile para que escolhesse, entre as
moças do reino, uma para esposa. De nada adiantou o baile tão cheio de luxo e
fricotes. O príncipe dançou com todas. Uma a uma e desgostou de todas.
Todinhas!
Na
manhã seguinte, disse ao pai que desejava andar pelo mundo em busca de seu
amor. O pai, um pouco contrariado, teve que acatar o desejo do coração jovem de
seu filho. No momento da partida, o rei sentiu em arrepio fino na espinha.
Pensou que o mundo era perigoso e que deveria orientar o rapaz. Disse então: “Meu filho querido, antes de ganhar o mundo
à procura do amor, quero que escolha. Se quiser, te dou dinheiro, mas se
preferir, te dou conselho”. O príncipe riu. Pensou que conselho era coisa
sem valor, que diante das aventuras que viveria melhor era se calçar com boa
quantidade de moedas de ouro.
Feito.
Diante da escolha do filho, o rei apenas acatou. Despediu-se com abraço
apertado e pediu que um dia voltasse para casa. Sete anos se passaram rápidos
como ventania, e nada de notícia do príncipe.
O
príncipe andou pelo mundo até que toda sua fortuna terminasse. Sem dinheiro e
sem ter encontrado um amor, o filho do rei pegou um atalho. Chegou a uma casa
antiga de onde soava doce melodia, “com
açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto para você parar em casa...”.
Faminto e sedento, o príncipe desceu do cavalo e tocou a campainha.
Saiu
da casa uma velha muito velha. Uma criatura curva e corcunda, cheia de verrugas
e de uma magreza assustadora. Convidou o moço para entrar. Disse, porém que era
uma senhora sozinha e indefesa, e que tinha medo que ele entrasse com a espada
em sua casa. Pediu que amarrasse o cavalo na cerca e a espada também. Para isso
a senhora arrancou um fio de cabelo muito comprido. O príncipe teve nojo, mas a
fome era tanta que acabou acatando o pedido e amarrando tanto o cavalo quanto a
espada.
A
noite estava tranquila, a mesa farta. O príncipe jantou e, exausto, adormeceu
no sofá da sala. De repente, no meio do sono, sentiu um cutucão. Era a velha
que fez a ele uma estranha proposta: “Ai,
que tédio, nada acontece nesse lugar, vamos brincar? Tira um braço de ferro
comigo, se eu ganhar você me dá um beijo!”. O príncipe olhou para aquele
braço, osso e pele, para a boca teve até medo de olhar! Desconversou, mas a
velha ficou invocada! “Você acha que sou
fraca? Ou tá com medo do beijo? Tá me achando feia, é?” O moço ficou sem
reação! A velha então deu uma voadora no príncipe! Seguida de um sopapo na
barriga e um safanão no pé da orelha, depois pulou em cima de suas costas e deu
um bofete fortíssimo na cara dele! A velha era um monstro, era mais forte que
um gorila! Batia com gosto! Para se defender, o príncipe disse: “Me acode, meu cavalo, me salva, minha
espada!”. Mas a velha retrucou na hora: “Engrossa, meu cabelo!” .o fio de cabelo da velha ficou forte como
uma corrente e o cavalo e a espada mal conseguiam se mexer! Depois da batalha,
o príncipe desmaiou. A velha apertou um botão, o chão se abriu e o príncipe
caiu no fosso da casa.
No
castelo, o segundo príncipe seguia o mesmo destino do irmão. Queria um amor.
Não havia mulher no reino que tocasse seu coração. Pediu para partir. Entre
conselho e dinheiro, escolheu o segundo. O pai se preocupava. A árvore plantada
no nascimento do primeiro filho estava com a folhagem rala e seus troncos
racharam com um estranho mal desconhecido.
Saiu
da casa uma velha muito velha. Uma criança curva e corcunda. Seus olhos eram
fundos e sua magreza assustadora. Convidou o moço para entrar. Disse, porém,
que era uma senhora indefesa, e que tinha medo que ele entrasse com a espada em
sua casa. Pediu que amarrasse o cavalo na cerca e a espada também. Para isso, a
senhora arrancou um fio de cabelo muito comprido da canela. O príncipe teve
nojo, mas a fome era tanta que acabou acatando o pedido e amarrando tanto o
cavalo quanto a espada.
“Seja feito seu destino”, disse o rei. O
príncipe andou pelo mundo até que toda sua fortuna terminasse. Sem dinheiro e
sem ter encontrado um amor, o filho do rei pegou um atalho. Chegou a uma casa
antiga de onde soava doce melodia, “eu
dou um doce, maninha, para o dono do meu coração...”. Faminto e sedento, o
príncipe desceu do cavalo e tocou a campainha.
A noite estava tranquila, a mesa farta. O
príncipe jantou e, exausto, adormeceu no sofá da sala. De repente, no meio do
sono, sentiu um cutucão. Era a velha que fez a ele uma estranha proposta: : “Ai, que tédio, nada acontece nesse lugar,
vamos brincar? Tira um braço de ferro comigo, se eu ganhar você me dá um beijo!”.
O príncipe olhou para aquele braço, osso e pele, para a boca teve até medo de
olhar! Desconversou, mas a velha ficou invocada! “Você acha que sou fraca? Ou tá com medo do beijo? Tá me achando feia,
é?” O moço ficou sem reação! A velha então deu uma voadora no príncipe!
Seguida de um sopapo na barriga e um safanão no pé da orelha, depois pulou em
cima de suas costas e deu um bofete fortíssimo na cara dele! A velha era um
monstro, era mais forte que um gorila! Batia com gosto! Para se defender, o
príncipe disse: “Me acode, meu cavalo,
me salva, minha espada!”. Mas a velha retrucou na hora: “Engrossa, meu cabelo da perna!”.O fio
de cabelo da velha ficou forte como uma corda de aço e o cavalo e a espada mal
conseguiam se mexer! Depois da batalha, o príncipe desmaiou. A velha apertou um
botão, o chão se abriu e o príncipe caiu no fosso da casa.
Sete
anos se passaram e nada se sabia do paradeiro do príncipe. No castelo, o
terceiro príncipe seguia o mesmo destino dos irmãos. O pai se preocupava. A
árvore plantada no nascimento do segundo filho estava seca e um inseto
asqueroso soltara em seus galhos um líquido venenoso mortífero.
Ainda
assim o caçula insistia. “Seja feito seu
destino”, disse o pai. No momento da partida, o rei sentiu um arrepio fino na espinha ainda mais
forte do que antes. Pensou que o mundo era perigoso, que devia orientar o
rapaz. Que não gostaria de perder também esse filho.
Disse
então: “Meu filho querido, antes de
ganhar o mundo à procura do amor, quero que escolha. Se quiser, te dou
dinheiro, mas se preferir, te dou conselho”. O príncipe ouviu com atenção.
Percebendo a preocupação nos olhos do pai, pediu seu conselho. Pai e filho
conversaram a tarde inteira e chegou a hora de partir.
O
príncipe andou pelo mundo. Sem encontrar um amor, o filho do rei pegou um
atalho. Chegou a uma casa antiga de onde soava doce melodia: “Quem quiser vatapá, que procure fazer primeiro
o fubá, depois o dendê...”. Faminto e sedento, o príncipe desceu do cavalo
e tocou a campainha.
Saiu
da casa uma velha muito velha. Uma criatura curva e corcunda. Magra, fedida e
ossuda. Convidou o moço para entrar. Disse, porém, que era uma senhora sozinha
e indefesa, e que tinha medo que ele entrasse com a espada em sua casa. Pediu
que amarrasse o cavalo na cerca e a espada também. Para isso a senhora arrancou
um fio de cabelo muito comprido de dentro do nariz! O príncipe olhou aquilo
espantado, lembrou-se da conversa com seu pai e resolveu colocar o fio sem
amarrar tanto sobre o cavalo quanto sobre a espada.
A
noite estava tranquila, a mesa farta. O
príncipe jantou e, exausto, adormeceu no sofá da sala. De repente, no meio do
sono, sentiu um cutucão. Era a velha que fez a ele uma estranha proposta: : “Ai, que tédio, nada acontece nesse lugar,
vamos brincar? Tira um braço de ferro comigo, se eu ganhar você me dá um beijo!”.
O príncipe olhou para aquele braço, osso e pele, para a boca teve até medo de olhar,
mas olhou. Contou a ela sobre sua procura pelo amor e perguntou se ela já tinha
amado. A velha ficou invocada do mesmo modo. “Que conversinha mais sem pé nem cabeça é essa?” A velha então deu
uma voadora no príncipe! Seguida de um sopapo na barriga e um safanão no pé da
orelha, depois pulou em cima de suas costas e deu um bofete fortíssimo na cara
dele! Para se defender, o príncipe disse: “Me
acode, meu cavalo, me salva, minha espada!”. Mas a velha retrucou na hora:
“Engrossa, meu cabelo da napa!”.O fio
de cabelo da velha ficou forte como uma viga de aço, mas como o príncipe não
amarrara com nó verdadeiro, vieram ao seu encontro e o príncipe rendeu a velha
depois da batalha mais esquisita do mundo, com direito a dedo no olho e tudo!
Rendida, a velha chorou e libertou de dentro do fosso de sua casa mais de mil
homens de todos os lugares do mundo. Entre eles, os irmãos do príncipe.
Os
irmãos estavam se abraçando emocionados quando sentiram um cheiro tenebroso. A
velha estava inchando e tremendo. Depois ficou pálida esverdeada e explodiu. Da
explosão restou um ovo. Os irmãos tocaram o ovo e, quando o mais novo pegou o
ovo nas mãos, ele se quebrou. Saiu de dentro do ovo uma princesa lindíssima.
Ela contou que um feitiço a tornara velha e que agora estava livre. O que houve
depois é mistério.
Alguns
dizem que ela se casou com o príncipe caçula e todos voltaram para o reino,
para a alegria do velho pai, que nunca desistira de cuidar de suas árvores.
Outros dizem que cada um deles partiu só. Outros ainda dizem que a princesa se
casou com os três irmãos e que ela voltava à antiga forma em noite de lua.
(copiado
das fichas do kit do projeto “Bu! Histórias de Medo e Coragem” – Projeto
Educacional ENDESA)
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