Um conto para deixar os cabelos arrepiados!!!
MARIA
ANGULA
Muita gente já ouviu falar dela. Uma
história mais medonha que a outra. A que eu conheço foi contada por uma amiga
da minha avó que era vizinha famigerada. Maria Angula era seu nome. A Malvada
já nasceu sem coração. Era uma menina tão linda quanto terrível. Gostava de
desviar o caminho das formigas. Pirraçava os amiguinhos e só ficava feliz
fazendo desfeita, ajudando a porca a torcer o rabo e a vaca a ir pro brejo.
Quando Maria Angula ficou moça, sua
mãe já tinha desistido de dar jeito na filha. Não havia ninguém que quisesse se
casar com ela. O jeito foi sair da cidade e arrumar um trouxa que, como todos
os outros, se encantasse com a beleza de Maria Angula. Mas o “noivo ideal”
haveria de desconhecer a natureza fria-gelada da noiva. O veneno que a moça
tinha na veia seria um dote secreto, presente de grego que só depois de casado
o noivo provaria. Foi o dito e o feito. A mãe encontrou o trouxa, casou Maria
Angula e sumiu no mundo. O marido ficou satisfeito, a mulher era bonita e
jeitosa. Mas beleza não enche barriga de ninguém e ele logo descobriu que Maria
Angula não sabia nem fritar ovo e se recusava a limpar a casa. “Eu não! Olha pra minha cara, seu ridículo!
Se quiser comer, cozinhe. Se quiser vestir, lave. Se quiser casa limpa, varra!”
O marido trabalhava o dia inteiro e Maria passava o dia entediada, sem fazer
nada que não fosse reclamar da vida, do tempo, do calor, da cidade.
Uma noite, o marido esbravejou,
disse que ia trabalhar e que se, ao chegar, encontrasse a casa suja e a panela
vazia, que Maria Angula fizesse as malas e fosse embora. Aí a danada se
preocupou. Foi até a casa da vizinha Carolina. Disse que era moça recém-casada,
afinou a voz, fez olhinho de coitada, dividiu o cabelo no meio da cabeça e
chorou que queria agradar o maridinho querido, se a moça não podia ensinar a
ela uma receitinha. Carolina era doce e bondosa, a melhor cozinheira da cidade.
Ensinou suflê de chuchu. Maria Angula anotou tudo. Depois do ponto final lançou
um olhar lancinante para Carolina e disse: “Ai,
mas que receitinha chumbrega, hein, Carolina? Que coisinha besta você me
ensinou, faça-me o favor!”. Carolina estranhou, mas deixou pra lá a
má-criação.
Chegando em casa, Maria Angula
fez a receita. Varreu a sujeira para debaixo da pia, passou cuspe para limpar
os pratos. O marido chegou. Comeu. Não encontrou a sujeira da casa. Maria Angula
ficou.
Todo dia era a mesma coisa.
Suflê de chuchu. Depois de sete dias, o marido disse que se não mudasse o
cardápio podia ir embora. Maria Angula voltou à casa de Carolina. Afinou a voz,
fez olhinho de coitada, dividiu o cabelo no meio da cabeça e pediu outra
receita. Carolina era doce e bondosa, a melhor cozinheira da cidade. Ensinou
galinha à cabidela. Maria Angula anotou tudo. Depois do ponto final, lançou um
olhar lancinante para Carolina e disse: “Ai,
mas que receitinha chumbrega, hein, Carolina? Que coisinha besta você me
ensinou, faça-me o favor!”. Carolina ouviu e pensou: “Deixa, deixa ela. Quando vier de novo vai ver que receita boa lhe
dou!”.
Chegando em casa, Maria Angula
fez a receita. Varreu a sujeira para debaixo da pia, passou cuspe para limpar
os pratos. O marido chegou. Comeu. Não encontrou a sujeira da casa. Maria
Angula ficou.
Na primeira semana galinha à
cabidela, na segunda suflê de chuchu, depois galinha de novo. No fim do mês o marido
azedou de vez. “Outra receita ou rua,
Maria Angula!” O jeito foi apelar para a bondosa vizinha.
Carolina já esperava Maria
Angula com a receita na cabeça. Pegue um defunto. Observação: tem que ser
fresco, recém-mortinho. Tire as tripas. Refogue na manteiga, acrescente
salsinha, coentro e azeite. Deixe em fogo brando até reduzir o volume. Gratine
com queijo de rã e polvilhe pelo de rato crocante. Sirva quente flambado em
emulsão de gosma de aranha, decore com casca de barata voadora. Maria Angula
foi ao cemitério. Por sorte tinha velório. Maria Angula chorou sentida a morte
do falecido. Abraçou a família. Precisava ver que tristeza.
Quando todos partiram ela
desenterrou o morto. Pegou as tripas e fez a receita. O marido comeu, elogiou,
repetiu três vezes. Maria Angula ficou enjoada com o preparo e viu o marido
comer tudinho. Até passou um pão na panela para comer o restinho. “Maria, esse é o melhor cozido que já comi
na vida!” Depois, de barriga cheia, deitou no sofá e dormiu profundamente.
Maria ia se deitar quando
bateram na porta. Ela pensou que não gostava de ninguém naquela cidade e que
não ia abrir a porta para visita mal-educada que viesse àquela hora da noite.
Bateram mais forte e ouviu-se: “Maria,
devolve minhas tripas!”. Maria apagou as luzes para fingir que a casa
estava vazia. Maria Angula teve medo! Tentou acordar o marido. Nada. Dormia
como um bebê. “Maria, devolve minhas
tripas!”, era a voz de novo. Maria chutou o marido, mordeu, beliscou e nada
dele acordar. A voz era cada vez mais forte!
Maria ouviu o morto arrombar a porta. Ela subiu as escadas e se trancou
no quarto. Mas a voz não cessava, “Maria,
devolve minhas tripas!”. Desesperada de medo, com frio na espinha, ouvindo
o morto subir as escadas e a voz ficar cada vez mais forte, Maria se jogou da
janela.
No dia seguinte, o marido
acordou e estranhou que tivesse adormecido no sofá. Era uma linda manhã de
maio. A casa estava tranquila. Nenhum sinal, nenhum vestígio da destruição e do
medo da noite anterior. Só não se via Maria Angula. O marido procurou na casa
toda. Não estava no quarto nem no quintal da casa. O marido procurou na
vizinhança. Nada. Perguntou a Carolina e nem notícia. Até hoje dizem que o
marido procura Maria Angula e nunca ninguém descobriu seu paradeiro.
(copiado das fichas do
kit do projeto “Bu! Histórias de Medo e Coragem!” – 2013)
Eu fiz essa história na minha escola :v
ResponderExcluirvgv
ExcluirEu vou fazer ;-;
ExcluirOlaaaa
ExcluirMARIA ANGOLA KKKKKK
ResponderExcluirKkkkkkkkkkk
ResponderExcluir